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Visita guiada ao Teatro Amazonas, um mergulho no período da Belle Époque
Atualizada em 24/07/2018
O Teatro Amazonas é, por excelência, o maior orgulho arquitetônico e histórico de Manaus. Conhecê-lo é obrigatório e, quando pisamos em seu interior, entendemos por que sua luxuosa decoração deslumbra até o mais rigoroso dos visitantes, do turista ao morador local. Se tiver oportunidade, visite mais de uma vez, porque há sempre um detalhe a mais para descobrir. E, o melhor, é grátis para os amazonenses, bastando apresentar a Carteira de Identidade na bilheteria.
Mesmo um morador de Manaus, que costume passar todos os dias ao lado do prédio, quando acessa o interior do Teatro Amazonas dificilmente consegue deixar de deslumbrar-se. Um turista, vai sair do prédio desejoso de voltar, seja para assistir uma concerto ou uma peça ou apenas para novamente circular nos corredores e plateia.
Inaugurado em 1896, no governo de Eduardo Ribeiro, o Teatro Amazonas é de longe o prédio histórico mais suntuoso da cidade. Não é apenas uma herança cultural e artística, fruto do período em que Manaus viveu seu apogeu de riqueza, mas um espaço que se mantém vivo e em plena atividade, mais de 100 anos após a inauguração.
O Teatro Amazonas recebe grandes montagens de ópera, shows musicais e peças de teatro. Um de seus principais corpos artísticos é a Amazonas Filarmônica, criada em 1997. Pode ser visitado em grupos, de terça a sábado, entre 9h e 14h. A cada 45 minutos há visitas guiadas nos idiomas português, inglês e espanhol.

Modelos das antigas cadeiras usadas no Teatro Amazonas, hoje substituídas por poltronas almofadadas.
Construído no esplendor artístico que vigorou no final do século XIX, o Teatro Amazonas mantém grande parte de sua decoração e arquitetura original, suas pinturas no teto e nas laterais, móveis, pisos e objetos utilizados 100 anos atrás. Quatro reformas e uma manutenção rigorosa e permanente conseguem manter sólido o ambiente original. Sua natureza arquitetônica é descrita como eclética, misturando, sobretudo, os estilos barroco e rococó. A autoria de sua decoração e estilo é creditada a Crispim do Amaral, ator, decorador, ensaísta e jornalista.
A capacidade do Teatro Amazonas atualmente é de 701 pessoas. Além da plateia, existem mais três pavimentos. Na plateia, almofadas confortáveis substituíram as antigas cadeiras em madeira de lei de palha da Índia, que hoje podem ser vistas apenas em alguns exemplares nos corredores do espaço, a título de curiosidade. Há uma fileira de frisas e um camarote especial disponível exclusivamente para o chefe da Administração Estadual de cada período.
A plateia é circundada por várias e belas luminárias e fileiras de ornamentos e esculturas de rostos de personalidades da literatura e da música mundial, como Beethoven, Mozart, e o escritor inglês William Shakespeare. Há também esculturas de máscaras que representam a comédia e o drama do antigo teatro grego. Uma curiosidade está relacionada às colunas que sustentam os camarotes, que são de ferro recobertas com gesso.

Pano de Boca com pintura de Crispim de Amaral em homenagem ao Encontro das Águas. Na parte superior, traz o nome do governador Eduardo Ribeiro.
Arte
No teto, pinturas em detalhes de personagens da mitologia mundial, com ninfas, querubins e cupidos. Outro fato curioso, destacado pelos guias, é a pintura que retrata os pés da Torre Eiffel de Paris, dando ao espectador a impressão de estar embaixo da construção. Outro detalhe que merece a atenção é o belo lustre, importado da França.
O chamado pano de boca (na sala da plateia) traz uma pintura original de autoria de Crispim do Amaral, em homenagem ao encontro das águas. Em cima do pano de boca, há a data de fundação do teatro e o nome do governador que o construiu.
Elite
Na visita guiada, você fica sabendo curiosidades da época da borracha, como a de que os lugares no Teatro eram ocupados de acordo com o poder aquisitivo das famílias. O local não era aberto ao público em geral, mas frequentado apenas por pessoas com relevância social. Nas cadeiras da plateia ficavam os “mais pobres” e conforme iam subindo os andares, subia também a posição na escala social. Os mais endinheirados ocupavam os balcões localizados nas laterais do palco – considerado hoje os piores para assistir às apresentações -, já que a intenção não era ver, mas ser visto.
A visita monitorada também leva o turista para conhecer os corredores do Teatro Amazonas, no andar superior, até o Salão Nobre. Originalmente, o Salão Nobre foi construído para receber os frequentadores do teatro durante os intervalos das longas apresentações. O espaço é outra raridade artística. Na parede, nove painéis produzidos pelo artista italiano Domenico De Angelis recriam elementos da natureza amazônica, com desenhos de fauna, flora e literatura. Um dos mais destacados é a pintura dos personagens Ceci e Peri, da ópera “Il Guarany”, de Carlos Gomes. Esta, por sua vez, é inspirada no livro “O Guarani”, de José de Alencar.
O visitante é autorizado a se deslocar apenas nos trechos atapetados para poupar a área com pisos feitos em marchetaria (pedaços de madeira alinhados) e assim evitar algum tipo de dano. No espaço também se pode ver bustos de várias personalidades das artes brasileiras, como os próprios José de Alencar e Carlos Gomes. O Salão Nobre dá para o terraço da frente do Teatro, que apresenta uma bela vista do Largo de São Sebastião e da Igreja do mesmo nome.
Na visita guiada, você vê uma maquete do Teatro Amazonas feita com 30 mil peças de Lego. A maquete foi criada em 1960, na sede da Lego, na Dinamarca, quando a fábrica homenageou vários monumentos históricos do mundo. A maqueta foi enviada para a sede da Lego em Manaus e, em março de 2001, doada ao Teatro Amazonas.
Também são visitadas salas que expõem roupas usadas em óperas apresentadas no TA e instrumentos musicais antigos.
O gran finale da visita é o acesso ao antigo camarim dos artistas, no último pavimento do teatro, um local que recria o ambiente da época da borracha. Você vê móveis, objetos e roupas usadas naquela época. Como o local é pequeno, são formados grupos de cinco pessoas para observar e fotografar o ambiente.
Cor
A cor do Teatro Amazonas, durante muito tempo, foi fruto de controvérsia. Durante suas reformas, ele teve as cores rósea, azul, amarelo e cinza. Atualmente, ele voltou a ser “rósea”, descrito pelos guias como um tom entre cor-de-rosa e cinza.
A maioria das peças que compõem a arquitetura do Teatro Amazonas foi importada. Sua cúpula, por exemplo, é composta de peças vindas de Paris.
Tombamento
O Teatro Amazonas foi tombado como patrimônio histórico nacional em 1966. Já recebeu inúmeros espetáculos e festivais de óperas, com nomes de envergadura nacional e internacional. O espanhol José Carreras cantou na reinauguração, em 1990. Luciano Pavarotti, na mesma década, carregou o pianista e maestro Leone Magiera e cantou as árias da ópera Tosca “E lucevan le stelle” e “Recondita armonia”, para um público de cerca de cinco pessoas, porque o teatro estava fechado, mas ele não admitiu passar por Manaus sem cantar lá.
Na visita ao local, conheça a lojinha de souvenir localizada dentro do Teatro e o café no estilo Belle Époque, localizado ao lado da bilheteria, que tem várias fotos antigas de Manaus e registros de visitantes ilustres.
Programação
A Secretaria de Estado de Cultura é o órgão responsável pela programação do Teatro Amazonas. Os destaques são o Festival de Ópera do Amazonas, realizado anualmente em maio desde 1996, e o Festival Amazonas Jazz, entre junho e julho. Durante todo o mês há apresentações culturais no espaço.
Serviço
Teatro Amazonas
Endereço: Largo de São Sebastião – Rua 10 de Julho, Centro
Tel: 92 3232-1768/3622-1880
Visitação:
Aos domingos e segundas-feiras, de 9h às 14h; e de terça-feira a sábado, de 9h às 17h.
Entrada: Gratuita para pessoas nascidas no Amazonas, mediante comprovação de naturalidade com documento oficial com foto e menores de 10 anos. Ingresso a R$ 20 para demais visitantes, em valor de inteira; idosos (com idade igual ou acima de 60 anos), estudantes, professores, militares, doadores de sangue e pessoas com deficiência e seus acompanhantes pagam meia-entrada. São aceitos pagamentos em dinheiro e cartões de débito e crédito (sem opção de parcelamento), e em dólares dos Estados Unidos (no valor de US$ 5)
As visitadas guiadas duram, em geral, 1 hora.
Idiomas: português, espanhol e inglês.
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