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De Manaus a Cusco: como viajar do Brasil ao Peru de carro

O Peru tem muitas belezas naturais que vão se revelando na Estrada do Pacífico. Foto: Ricardo Andrade
POR NAIRA ARAÚJO (Especial)
O Peru é um país fantástico para se conhecer. Além de abrigar uma das 7 maravilhas do mundo moderno (Machu Picchu), possui vários atrativos históricos e culturais e belezas naturais. E ainda se destaca pela gastronomia, reconhecida como uma das melhores do mundo.
Para os moradores da região Norte do Brasil, o país vizinho tem a vantagem de poder ser conhecido de carro. Desde 2011, quando começou a funcionar plenamente, a Estrada do Pacífico, também conhecida como Rodovia Interoceânica, liga o noroeste do Brasil ao litoral sul do Peru, através do estado do Acre. No território brasileiro, é identificada como BR-317 e no Peru, é chamada de Carretera Interoceanica.
Nessa matéria, vamos apresentar o relato de uma viagem realizada de Manaus (AM) a Cusco, no Peru, no período de 25/5 a 3/6/2018, em carro alugado.
Mas por que ir de carro?
Claro que a opção mais rápida para fazer o trajeto é de avião, pelas rotas Manaus-Cidade do Panamá-Lima-Cusco) ou (Manaus-São Paulo-Lima-Cusco).
Mas a viagem de carro é mais barata e oferece a oportunidade de conhecer paisagens deslumbrantes, que vão da floresta amazônica a picos nevados da Cordilheira dos Andes, e vários povoados peruanos. A estrada passa pelo Pico Abra Pirhuayani, a 4.725 metros de altitude. Dependendo das condições climáticas, é possível ver a neve caindo. Uma viagem que vale a pena só pelo visual! Então, vamos lá.
Preparação da viagem
Como a viagem é muito longa e cansativa, são 1.052 quilômetros de Rio Branco a Cusco, é aconselhável que seja dividida em dois dias e entre dois condutores.
O primeiro trecho Manaus-Rio Branco pode ser feito de avião, em voo direto. Fique de olho nas promoções para conseguir uma boa tarifa.
O segundo passo é alugar o carro em Rio Branco. Pesquisando na internet, alguns blogs de viagem dizem que só é possível chegar ao Peru com carro próprio. Não é verdade. Mas para entrar no país vizinho, o carro tem que estar no nome do condutor. Então, é preciso fazer um apostilamento. A locadora faz um documento cedendo o veículo ao locatário. Esse documento deve ter firma reconhecida em cartório e ser devolvido para a locadora.
Uma dica é enviar o documento via Gollog dois dias antes da viagem. Já que o carro fica separado para o locatário, as diárias começam a contar antes. O Sedex dos Correios leva quase uma semana para fazer entregas em Rio Branco.

O Lhama vive em altas altitudes e é usado no transporte de cargas, além de fornecer carne e lã. Foto: Ricardo Andrade
Dia 1: Rio Branco a Puerto Maldonado (574 km)
De preferência saia de Rio Branco bem cedo. A viagem é lenta por causa dos muitos buracos existentes na estrada. Siga pela BR-317 até Assis Brasil, cidade que faz fronteira com o Peru, onde é preciso registrar a saída do Brasil no posto da Polícia Federal. Pode-se apresentar o Passaporte ou Carteira de Identidade.
Logo em seguida, está a cidade de Iñapari no Peru. O registro de entrada no país é feito no Puesto de Seguridad de Fronteras. Em frente a esse posto, está a SUNAT (Superintendencia Nacional de Aduanas y de Administración Tributaria), órgão responsável pela autorização de entrada e saída de veículos no Peru. É emitido um documento da SUNAT com dados do carro e do proprietário do veículo. Lá também se faz o SOAT (Seguro Obrigatorio de Accidentes de Trânsito). O condutor deve apresentar todos os documentos caso seja parado por policiais.
Perto desses órgãos existem muitas casas de câmbio. É aconselhável trocar reais pela moeda peruana (Nuevo Sol) na fronteira. Na estrada, há quatro pedágios que só aceitam o pagamento em soles.
Uma dica importante é pesquisar o valor das moedas brasileira e peruana antes da viagem. Atualmente, a moeda peruana está mais valorizada que o real. No dia 26/5/2018, o câmbio estava 1 novo sol para 0,85 real. Mil reais = 850 soles.
Nessa situação, é melhor trocar toda a quantia planejada para a viagem na fronteira e pagar todas as despesas em soles. Em Cusco, o câmbio estava mais desfavorável ainda: entre 0,77 e 0,80.
O preço da gasolina varia bastante no Peru, mas sempre mais barata que no Brasil. O litro custa em média 3,40 reais (preço referente a maio de 2018).
Em Iñapari, aproveite para almoçar. De um modo geral, não existem restaurantes e lanchonetes na estrada. Os povoados são muito simples. Leve lanches, água, suco. Depois siga até Puerto Maldonado para descansar e dormir.

Na Cordilheira Vilcanota está a Ausangate, uma das montanhas mais altas do Peru com 6.384 metros. Foto: Ricardo Andrade

A viagem de carro para o Peru tem belas paisagens, mas há trechos com curvas sinuosas. Foto: Ricardo Andrade
Segundo dia: Puerto Maldonado a Cusco (478 km)
A estrada entre Puerto Maldonado e Cusco, ao contrário do trecho no Brasil, é muito bem conservada e sinalizada. O asfalto tem ótima qualidade. Mas é preciso ter muita atenção. São muitas curvas e trechos sinuosos, que pedem uma velocidade bem lenta. Além disso, na estrada existem muitos quebra-molas e quatro pedágios.
Por outro lado, as paisagens são lindíssimas. Percorre-se um bom trecho de floresta amazônica. Depois, vão surgindo as montanhas ainda cobertas pela vegetação de floresta. As montanhas vão ficando cada vez mais altas e perdendo a vegetação. Mais perto de Cusco, são cobertas por neve.
A estrada passa por dois picos o Abra Pirhuayani, a 4.725 metros de altitude; e o Abra Cuyuni, a 4.185. Como algumas pessoas sentem os efeitos do mal de altitude (soroche), é recomendado levar na viagem remédios indicados por médicos. Nas farmácias do Peru, é vendido sem receita médica o Sorojchi Pills.
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